As empresas chinesas querem ajudar a moldar os padrões globais de reconhecimento facial

Leonardo Santana
Por Leonardo Santana
Foto: Mark Schiefelbein | Associated Press.

O uso da tecnologia de reconhecimento facial continua a se expandir. Isso acontece apesar das preocupações com sua precisão e justiça e sobre como ela poderia ser usada pelos governos para espionar pessoas. Além disso, essas preocupações foram aumentadas após um relatório do Financial Times, que mostra que as empresas chinesas têm uma influência significativa na definição de padrões internacionais em relação à tecnologia de reconhecimento facial.

As empresas chinesas e o reconhecimento facial

O relatório detalha como empresas chinesas, incluindo a ZTE, a Dahua e a China Telecom, estão propondo padrões para reconhecimento facial à União Internacional de Telecomunicações (ITU, sigla em inglês) da ONU. No entanto, este é o órgão responsável pelos padrões técnicos globais no setor de telecomunicações.

Geralmente, os padrões estabelecidos pela ITU são de natureza técnica. Porém, os ativistas de direitos humanos dizem que as propostas em discussão neste caso são mais como recomendações de políticas. Por exemplo, os padrões propostos incluem recomendações sugerindo que o reconhecimento facial pode ser usado pela polícia, pelos empregadores para monitorar funcionários e para identificar alvos específicos nas multidões.

As empresas chinesas querem ajudar a moldar os padrões globais de reconhecimento facial
A ITU é o órgão responsável pelos padrões técnicos globais no setor de telecomunicações. Imagem: ITU.

A preocupação é que os padrões técnicos sejam adotados pelos países em desenvolvimento, particularmente aqueles na África que não dispõem de recursos para desenvolver seus próprios padrões. Dessa maneira, a China fica em uma posição de poder para controlar o mercado dessa tecnologia.

Por exemplo, um padrão para luzes de rua inteligentes que foi aceito em junho foi proposto pela ZTE e pela China Mobile. Ele reflete o design do produto de iluminação pública da ZTE, incluindo uma opção para adicionar recursos de monitoramento de vídeo aos postes de luz. Além disso, uma tecnologia semelhante foi usada em Hong Kong contra manifestantes pró-democracia.

A China é uma grande potência no mundo do reconhecimento facial, e a tecnologia é amplamente usada no país para o cumprimento da lei. Por fim, acusações de violações dos direitos humanos surgiram no cenário, com o reconhecimento facial sendo usado para monitorar minorias étnicas como parte da repressão contínua de grupos minoritários muçulmanos na província de Xinjiang.

No Brasil, as tecnologias de reconhecimento facial das empresas chinesas já estão sendo usadas na Bahia.

Fonte: Engadget

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