O kernel Linux está revertendo rapidamente um patch recente que — embora bem-intencionado — acabou quebrando a funcionalidade de populares dongles da ASIX depois de um ciclo de suspend-resume. Em termos práticos: você fechava a tampa do notebook, voltava ao trabalho… e o adaptador USB-Ethernet continuava “preso” no modo de baixo consumo, sem rede. O revert já foi aplicado por Paolo Abeni; é o tipo de correção que mostra o sistema imunológico do kernel funcionando em tempo real.
Uma otimização de energia com efeitos colaterais
O patch original tentava ser “esperto” no gerenciamento de energia: ao “dropar” o uso de phylink nas rotinas de PM (power management), queria evitar acordar o barramento MDIO desnecessariamente. A teoria fazia sentido — mas, na prática, removeu justamente o elo que restabelecia o link após a retomada do sistema. Resultado: regressão clara na retomada da rede via dongle. Se quiser ver a proposta que deu origem a tudo, o commit está aqui: 5537a4679403. E o revert que desfaz a mudança está aqui: 63a796558bc2.

Pensa assim: para economizar bateria, o driver tirou uma peça do “mecanismo de despertar” da interface — só que essa peça era quem apertava o botão de “voltar a conversar com o mundo” depois do sono. Sem ela, o dispositivo segue aparecendo no sistema, mas não troca pacotes. (lists.openwall.net)
A importância do feedback da comunidade
O caso veio à tona com um relatório detalhado de Marek Szyprowski (Samsung), descrevendo exatamente o cenário de falha: após suspend-resume, o dispositivo seguia listado, porém “mudo”. Esse tipo de bug report é ouro para os mantenedores — ele encurta o caminho do diagnóstico e acelera a resposta. A discussão pública está registrada na lista (veja a mensagem de Marek) e no commit de revert assinado por Abeni.
Mais do que consertar, o kernel registra a trilha do que aconteceu. O commit de revert traz a tag Fixes apontando diretamente para o patch problemático e credita o Reported-by ao autor do relato, além do Acked-by de Jakub Kicinski — transparência que reforça confiança no processo. Para quem depende de um Linux USB driver estável no dia a dia (do home office ao laboratório), essa agilidade evita dor de cabeça e perda de tempo.
No fim, fica a lição: otimizações de energia são bem-vindas — especialmente em dispositivos USB —, mas é o caminho de mão dupla entre usuários e mantenedores que garante que nenhuma “vitória” teórica custe a funcionalidade básica. E quando algo escapa, a marcha-ré vem rápido, como vimos aqui, restaurando o driver USB da ASIX ao comportamento esperado após resume.