Futuro incerto: emulador DuckStation pode abandonar o Linux após conflito com usuários

Escrito por
Emanuel Negromonte
Emanuel Negromonte é Jornalista, Mestre em Tecnologia da Informação e atualmente cursa a segunda graduação em Engenharia de Software. Com 14 anos de experiência escrevendo sobre...

Emulador de PS1 pode abandonar o Linux; entenda o drama DuckStation!

O desenvolvedor principal do DuckStation, um dos emuladores de PlayStation 1 mais precisos e populares, removeu o script oficial PKGBUILD do projeto e passou a bloquear compilações em ambientes do Arch Linux. A decisão foi motivada por reclamações de usuários que insistiam em empacotar versões não oficiais via AUR e, quando algo quebrava, pediam suporte diretamente a ele em vez de aos mantenedores desses pacotes.

A gota d’água: o conflito com a comunidade Arch Linux

No commit que apagou o PKGBUILD, o autor foi categórico: “Refuse to build in Arch package environments… Next step will be removing Linux support entirely”. Ele ressalta que o Linux representa cerca de 2 % da base de usuários e que não utiliza a plataforma, tornando cada bug específico um fardo adicional em um trabalho voluntário e não remunerado.

A bomba da licença: por que a comunidade não pode simplesmente assumir?

Até o fim de 2024, o DuckStation era distribuído sob GPL v3, permitindo forks e reempacotamento. Porém, o projeto mudou para a licença CC-BY-NC-ND, que proíbe uso comercial, trabalhos derivados e redistribuição sem consentimento explícito. Esse movimento torna ilegal criar novos pacotes para distribuições ou manter um fork atualizado, mesmo que o código-fonte ainda esteja público. A comunidade poderia retomar o último snapshot em GPL, mas isso exigiria mão-de-obra contínua para acompanhar correções e regressões — algo que poucos voluntários estão dispostos a bancar.

Impacto potencial para o ecossistema Linux

A ameaça vai além do Arch. Sistemas voltados a retro-gaming, como Batocera ou distribuições voltadas a dispositivos ARM, dependem do DuckStation para oferecer uma experiência PS1 de alta qualidade. Caso o suporte seja encerrado, esses projetos terão de migrar para emuladores menos maduros ou manter builds congelados, com todos os riscos de segurança e perda de funcionalidades que isso implica. A situação revela como a tensão entre desenvolvedores e usuários — especialmente quando empacotadores externos rompem diretrizes — pode comprometer toda uma comunidade.

Alternativas para jogar PS1 no Linux

  • PCSX-Redux – foco em depuração, mas ainda distante em precisão.
  • Mednafen (núcleo Beetle PSX no RetroArch) – alta fidelidade, porém interface menos amigável.
  • SwanStation – fork antigo do DuckStation adaptado ao RetroArch.
  • ePSXe – clássico fechado que pode rodar via Wine, com menor compatibilidade moderna.

DuckStation Linux pode sobreviver se a comunidade reduzir a pressão sobre o desenvolvedor e oferecer ajuda real, mas a combinação de frustração pessoal e restrições de licença transforma este caso em um alerta sobre a delicada relação entre mantenedores de software livre e seus usuários.

Compartilhe este artigo