Para muitos usuários, navegar pelas Configurações do Windows pode ser uma tarefa frustrante. Com dezenas de menus, submenus e opções espalhadas, encontrar exatamente o que se procura — seja ativar o modo escuro, ajustar permissões de aplicativos ou configurar redes — exige paciência e familiaridade com o sistema. Mesmo usuários experientes às vezes se perdem no mar de opções.
Pensando nisso, a Microsoft introduziu discretamente um novo assistente de IA nas Configurações do Windows. Diferente do já conhecido Copilot, que funciona como um chatbot conectado à nuvem, este novo recurso é local, leve e totalmente integrado ao aplicativo de Configurações. Neste artigo, você vai entender o que é esse novo assistente, como ele funciona, qual é o papel do modelo Mu nessa tecnologia e por que o fato de rodar no dispositivo representa um grande avanço em termos de privacidade e desempenho.
Além disso, vamos contextualizar essa novidade dentro do cenário mais amplo dos sistemas operacionais, especialmente no que se refere ao ecossistema Linux, onde a automação e a simplicidade de configuração também são temas recorrentes.

O que é o novo assistente de IA das Configurações?
A nova funcionalidade apresentada pela Microsoft permite que os usuários interajam com as Configurações do Windows por meio de linguagem natural, descrevendo o que desejam fazer ou qual problema estão enfrentando. A IA interpreta esses comandos e apresenta soluções diretas, com botões de ação rápida, facilitando o ajuste de configurações sem a necessidade de navegar manualmente por menus complexos.
Como funciona na prática
Ao abrir o aplicativo Configurações e digitar na barra de busca, o sistema agora interpreta comandos como: “Quero ativar o acesso por voz” ou “Como mudar o idioma do sistema?”. Em vez de apenas retornar links para menus, a IA sugere ações diretas com um botão “Aplicar”, que realiza a tarefa com um clique.
Por exemplo, se o usuário digita “ativar acesso por voz”, a IA retorna a opção exata com um botão que ativa a função instantaneamente — sem a necessidade de abrir outras telas. Isso representa um avanço significativo na usabilidade do Windows, reduzindo o atrito entre a intenção do usuário e a execução da tarefa.
Diferente do Copilot: a aposta no processamento local
Enquanto o Copilot da Microsoft funciona como um assistente conversacional com acesso à internet e integração com serviços online, o novo assistente é uma inteligência embutida no sistema, sem interface de chat. Ele é mais direto, funcional e rápido. O foco está na eficiência e privacidade, não na conversa.
Ao invés de “falar com a IA”, o usuário dá comandos simples em texto, e o sistema responde com ações concretas e automatizadas. Isso muda a lógica da assistência digital dentro do Windows — menos espetáculo, mais utilidade.
Mu: o cérebro por trás da inteligência no dispositivo
O responsável por fazer essa mágica acontecer é o modelo de linguagem local chamado Mu, desenvolvido pela Microsoft como parte de seus esforços para integrar inteligência artificial diretamente nos dispositivos.
Um SLM (Small Language Model) rodando na NPU
Mu é um Small Language Model (SLM), ou seja, um modelo de linguagem pequeno e otimizado para operar com alta eficiência em hardware local, sem necessidade de servidores remotos. Ele é projetado para funcionar com a NPU (Unidade de Processamento Neural) presente nos novos Copilot+ PCs, que são máquinas equipadas com processadores e recursos específicos para executar tarefas de IA localmente.
Essa abordagem permite respostas quase instantâneas e garante que os dados do usuário nunca saiam do dispositivo, o que representa uma grande conquista do ponto de vista de segurança e privacidade.
Vantagens e desafios: velocidade vs. precisão
Segundo a própria Microsoft, o Mu é capaz de processar mais de 100 tokens por segundo, o que se traduz em uma experiência de uso extremamente fluida. No entanto, por ser um modelo compacto, ele inicialmente apresentava desafios em precisão, interpretando comandos de forma errada ou imprecisa.
Para superar isso, a Microsoft alimentou o modelo com dados de interações reais de usuários e ajustou suas respostas para se adequar ao contexto específico das Configurações do Windows. O resultado é um modelo rápido e com um bom grau de confiabilidade, ainda que com limitações frente aos grandes modelos baseados em nuvem.
Análise: o que isso significa para o futuro do Windows e da privacidade?
Privacidade em primeiro lugar? O poder do on-device
O grande diferencial do assistente Mu é que todo o processamento ocorre localmente, no próprio dispositivo. Isso significa que nenhuma informação de configuração do seu PC é enviada para a nuvem, algo fundamental em um momento em que a privacidade digital é cada vez mais valorizada — especialmente por desenvolvedores, usuários avançados e defensores do software livre.
Com isso, a Microsoft sinaliza que é possível fazer IA útil e respeitosa à privacidade, oferecendo um contraponto importante às críticas feitas ao Copilot e a outras soluções baseadas em nuvem.
Um passo necessário ou um recurso de nicho?
Apesar do potencial, a exigência de um Copilot+ PC com NPU embutida pode limitar o alcance da funcionalidade no curto prazo. Apenas usuários com máquinas compatíveis poderão acessar o novo assistente, o que levanta dúvidas sobre se a Microsoft está priorizando novas vendas de hardware ou realmente democratizando o acesso à IA no Windows.
No entanto, como acontece com muitos recursos de ponta, é possível que essa tecnologia se torne padrão em futuras gerações de PCs — e, eventualmente, chegue também a usuários com hardware mais modesto.
Comparativo: como isso se alinha com a gestão de configurações no Linux?
No mundo Linux, a personalização e automação sempre foram pilares fortes. Ambientes como GNOME e KDE Plasma vêm, há anos, trabalhando para tornar as Configurações mais intuitivas, com ferramentas de busca que ajudam o usuário a encontrar o que precisa. Contudo, essas ferramentas ainda não contam com inteligência artificial generativa, sendo mais limitadas à indexação tradicional.
Por outro lado, o uso do terminal e scripts no Linux permite uma automação avançada e altamente personalizada — algo que nem mesmo a IA da Microsoft oferece por enquanto. Assim, embora a solução do Windows seja inovadora, ela representa uma abordagem mais “guiada” e amigável, enquanto o Linux permanece poderoso nas mãos de quem domina a linha de comando.
Conclusão: a interface do futuro é conversacional?
O novo assistente de IA nas Configurações do Windows, impulsionado pelo modelo Mu, representa um passo ousado da Microsoft em direção a uma experiência de sistema mais fluida, intuitiva e respeitosa à privacidade. Ao apostar em inteligência artificial local, a empresa demonstra que é possível unir tecnologia de ponta com responsabilidade, algo cada vez mais exigido pelos usuários.
Embora ainda limitado aos Copilot+ PCs, o recurso abre caminhos para um futuro em que a interação com o sistema operacional seja cada vez mais natural e eficiente — talvez até substituindo as tradicionais estruturas de menus por interfaces conversacionais inteligentes.
O que você acha dessa abordagem da Microsoft? Deixe sua opinião nos comentários se prefere um assistente de IA para configurar seu sistema ou se a abordagem tradicional de menus e busca ainda é a melhor para você.