MocaccinoOS v1.8.3 lançado: a distro Gentoo com Kernel 6.12.35 LTS, KDE Plasma 6.3.5 e GNOME 47.3, mas ainda com desafios EFI

Escrito por
Emanuel Negromonte
Emanuel Negromonte é Jornalista, Mestre em Tecnologia da Informação e atualmente cursa a segunda graduação em Engenharia de Software. Com 14 anos de experiência escrevendo sobre...

O Gentoo otimizado com KDE e GNOME, agora mais moderno — mas ainda com um obstáculo no boot EFI

O MocaccinoOS v1.8.3 acaba de ser lançado e continua sua proposta ousada: entregar o poder de um sistema baseado em Gentoo Portage, mas com a conveniência de um sistema já pronto para uso. A nova versão traz uma série de atualizações significativas em seu ecossistema de software, incluindo o Kernel 6.12.35 LTS, Mesa 25.1.4, Qt 6.9.1, Nvidia-drivers 570.153.02, além de versões atualizadas dos ambientes KDE Plasma 6.3.5 e GNOME 47.3.

Apesar dos avanços, a distro ainda enfrenta um desafio técnico importante: problemas com o boot EFI, especialmente em configurações que utilizam EFISTUB, o que exige atenção especial dos usuários e o uso temporário do modo legado (legacy mode) como solução alternativa. Este lançamento reflete o equilíbrio entre inovação contínua e a necessidade de lidar com limitações práticas de compatibilidade.

MocaccinoOS v1.8.3: um sistema Gentoo sempre atualizado

MocaccinoOS v1.8.3 lançado com Kernel 6.12.35 LTS, KDE Plasma 6.3.5 e GNOME 47.3

O MocaccinoOS é conhecido por unir o melhor dos mundos Gentoo — como performance e customização extrema — com uma filosofia mais acessível e pronta para uso. O v1.8.3 segue essa linha ao atualizar seus principais componentes, tornando o sistema ideal para entusiastas que buscam performance e controle, mas não querem compilar tudo do zero.

O projeto segue um ciclo contínuo de aprimoramentos, sendo possível acompanhar sua rápida evolução nas versões anteriores, cada uma focando em aspectos distintos como GPU Intel Xe, suporte a AV1, melhorias de rede sem fio, ou na adoção de novos ambientes gráficos.

Base Gentoo Portage: performance e otimização de software

No coração do sistema está o Gentoo Portage, o sistema de gerenciamento de pacotes que permite compilar o software sob medida para cada máquina. Essa abordagem resulta em binários altamente otimizados, especialmente úteis em hardware com recursos limitados ou em contextos que demandam alto desempenho.

A personalização avançada, no entanto, não compromete a praticidade: o MocaccinoOS disponibiliza imagens pré-compiladas que facilitam a instalação e o uso, além de permitir uso de tecnologias como o Flatpak e Docker.

Kernel 6.12.35 LTS: estabilidade de longo prazo

A adoção do Kernel 6.12.35 LTS representa um marco importante para estabilidade e suporte de hardware moderno. Essa versão traz diversas correções e otimizações, atendendo tanto usuários desktop quanto servidores ou sistemas embarcados que demandam longevidade e confiabilidade.

Ambientes de desktop e drivers gráficos: uma experiência visual atualizada

O MocaccinoOS v1.8.3 oferece duas opções principais de ambientes gráficos:

KDE Plasma 6.3.5: o ambiente poderoso e personalizável

A versão mais recente do KDE Plasma está presente no sistema, trazendo uma interface fluida, moderna e altamente configurável. Os usuários contam com suporte completo ao Wayland, melhor gerenciamento de energia e integração com hardware recente.

GNOME 47.3: a interface moderna e otimizada

Já para quem prefere uma abordagem mais minimalista e centrada na produtividade, o GNOME 47.3 entrega uma experiência sólida, com melhor uso de espaço, performance refinada e foco na acessibilidade.

Mesa 25.1.4 e Nvidia-drivers 570.153.02: gráficos de ponta

O conjunto de bibliotecas Mesa 25.1.4 garante suporte a gráficos modernos em GPUs Intel e AMD, enquanto os drivers Nvidia 570.153.02 ampliam a compatibilidade com placas recentes e otimizam a performance em jogos e aplicações gráficas intensas.

Desafios e soluções: lidando com a compatibilidade EFI

Apesar do avanço técnico, o MocaccinoOS ainda enfrenta dificuldades com o boot em sistemas com firmware EFI complaint, sobretudo quando se utiliza o método EFISTUB (boot direto via EFI sem carregador intermediário).

O problema persistente com o boot EFI (EFISTUB)

Alguns usuários têm reportado falhas ao tentar iniciar o sistema em modo EFI nativo. Esse comportamento afeta principalmente sistemas que não utilizam um gerenciador de boot tradicional, como o GRUB, e optam pelo carregamento direto via EFISTUB, método comum em setups minimalistas ou altamente customizados.

Soluções temporárias: boot em modo legado

A recomendação atual dos desenvolvedores é utilizar o modo legado (legacy mode) na configuração de BIOS settings para garantir o boot bem-sucedido. Ainda que essa solução funcione na maioria dos casos, ela impede o aproveitamento total de funcionalidades modernas do EFI e deve ser vista como provisória até a resolução definitiva.

Ecossistema de software e flexibilidade: além do Gentoo Portage

Um dos grandes trunfos do MocaccinoOS é sua abertura ao uso de tecnologias modernas de empacotamento e execução de software. Além do Portage, é possível integrar aplicativos via Flatpak, Docker e outros contêineres, o que facilita o uso de programas recentes sem comprometer a estabilidade do sistema principal.

Software adicional: Flatpak, Docker e repositórios da comunidade

Usuários podem instalar software via Flatpak diretamente da Flathub, ou usar imagens Docker para testar serviços ou aplicações isoladas. Também é possível habilitar repositórios da comunidade, que trazem pacotes populares ou experimentais prontos para uso imediato.

O DesktopMinimal: uma opção leve para testadores

Para quem prefere começar com o mínimo, o projeto oferece a imagem DesktopMinimal, ideal para testar a base do sistema, instalar apenas o essencial e construir um ambiente sob medida. Essa edição é especialmente útil para testadores, desenvolvedores ou entusiastas de personalização extrema.

Evolução contínua: um breve histórico de releases e melhorias

O projeto MocaccinoOS vem demonstrando consistência em suas atualizações, com foco claro na compatibilidade de hardware, otimizações gráficas e suporte a tecnologias modernas. Veja o que as versões anteriores trouxeram:

MocaccinoOS v1.8.2: melhorias para Intel Xe GPU e documentação

Incluiu ajustes de performance para placas Intel Xe, melhorias de boot com sistema de arquivos XFS, e reforçou a documentação para novos usuários.

MocaccinoOS v1.8.1: Cosmic DE, XFCE e tuning de performance

Adicionou suporte ao Cosmic DE Alpha e melhorias no XFCE, com ajustes finos em performance e inicialização do sistema.

MocaccinoOS v1.7.1: Plymouth e suporte a Bcachefs

Tornou o boot mais bonito com Plymouth e experimentou com o sistema de arquivos Bcachefs, antecipando tendências do kernel Linux.

MocaccinoOS v1.6: melhorias para Intel Arc GPU e temáticas

Trouxe otimizações para GPUs Intel Arc, novos temas visuais e refinamento na integração com sistemas híbridos gráficos.

MocaccinoOS v1.5.1: segurança e fusão de /usr

Aprimorou a segurança do boot, promoveu a fusão total de diretórios para modernização do /usr, e atualizou o stack gráfico.

MocaccinoOS v1.4: integração de binários Gentoo e suporte a AV1

Reorganizou a base para melhor uso de binários Gentoo, com suporte ao codec AV1 e drivers de vídeo mais recentes.

MocaccinoOS v1.3: transição de dhclient para dhcpcd e wpa_supplicant para iwd

Modernizou a configuração de rede ao substituir ferramentas antigas como dhclient por dhcpcd, e wpa_supplicant por iwd, otimizando conexões sem fio com chips como MT7921E.

Conclusão: MocaccinoOS v1.8.3 – a potência do Gentoo com conveniência e desafios a superar

O MocaccinoOS v1.8.3 reforça seu compromisso com a entrega de uma experiência Gentoo acessível, moderna e poderosa. As atualizações de kernel, drivers gráficos e ambientes desktop o colocam entre as opções mais interessantes para quem deseja performance sem abrir mão de uma base sólida.

Entretanto, a persistência dos problemas com boot EFI mostra que ainda há obstáculos técnicos a serem superados. A solução temporária via modo legado mantém o sistema funcional, mas aponta para a necessidade de correções estruturais futuras. Mesmo assim, a evolução rápida do projeto, a documentação crescente e a comunidade engajada fazem do MocaccinoOS uma aposta promissora no universo das distribuições Linux customizadas.

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