Proton tenta se tornar o Google sem uso indiscriminado de dados dos usuários

Claylson Martins
Claylson Martins

O serviço de e-mail criptografado Protonmail surgiu em 2014 e se tornou sinônimo de proteção de dados e facilidade de uso. Agora, a empresa pretende dar um passo ainda maior nesta direção. O primeiro deles é a simplificação do nome, que passa a ser apenas Proton. O outro é muito mais ousado e vai oferecer um “ecossistema” de produtos vinculados, todos acessados por meio de uma assinatura paga. Assim, os assinantes do Proton terão acesso não apenas ao e-mail criptografado, mas também a um calendário criptografado, plataforma de armazenamento de arquivos e VPN.

Tudo isso faz parte do plano mestre do CEO Andy Yen de dar à Proton alguma chance de lutar contra gigantes da tecnologia como o Google. Um ex-físico de partículas nascido em Taiwan, Yen mudou-se para Genebra, na Suíça, após a pós-graduação para trabalhar no CERN, o centro de pesquisa nuclear. Genebra provou ser um lugar natural para migrar para uma startup focada em privacidade, graças ao regime legal favorável à privacidade da Suíça e a uma safra constante de físicos. Hoje, Yen preside uma empresa com mais de 400 funcionários e quase 70 milhões de usuários. 

Ele falou recentemente com à revista WIRED sobre a necessidade de maior privacidade, os perigos do domínio da Apple e do Google e como os ataques de hoje à criptografia lembram as táticas retóricas da Guerra ao Terror.

Proton tenta se tornar o Google sem uso indiscriminado de dados dos usuários

Hoje em dia, tudo o que o Google, a Apple e a Big Tech falam é sobre privacidade, então a melhor maneira de dar nossa definição é dar o contraste. A forma como o Google define privacidade é: “Ninguém pode explorar seus dados, exceto nós”. 

Nossa definição é mais limpa, simples e autêntica: ninguém pode explorar seus dados — ponto. Nós literalmente queremos construir coisas que nos dêem acesso ao mínimo de dados possível. O uso de criptografia de ponta a ponta e criptografia de acesso zero permite isso. Porque fundamentalmente, acreditamos que a melhor maneira de proteger os dados do usuário é não tê-los em primeiro lugar.

Ele também defendeu a privacidade, como algo que faz parte da natureza humana.

Proton tenta se tornar o Google sem uso indiscriminado de dados dos usuários
Proton tenta se tornar o Google sem uso indiscriminado de dados dos usuários.

A privacidade é inerente ao ser humano. Temos cortinas nas janelas, temos fechaduras nas portas. Mas tendemos a desconectar o mundo digital do mundo físico. Então, se você pegar a analogia do Google, é alguém que está seguindo você todos os dias, gravando tudo o que você diz e todos os lugares que visita. Na vida real, nunca toleraríamos isso. Na internet, de alguma forma, porque não é visível, tendemos a pensar que não existe. Mas a vigilância que você não percebe tende a ser muito mais insidiosa do que a que você faz.

Outro detalhes da entrevista você acompanha neste link.

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Jornalista com pós graduações em Economia, Jornalismo Digital e Radiodifusão. Nas horas não muito vagas, professor, fotógrafo, apaixonado por rádio e natureza.