Faz alguns anos que o achismo tomou conta dessa novidade. Mas, após 3 anos o achismo é verde, a Red Hat tem evitando falar a palavra “Linux” durantes seus eventos. Em maio de 2017, a empresa já vinha adotando essa postura no seu Red Hat Summit, e nada mudou até hoje.
A Red Hat apresentou sua visão do futuro, e fez isso com quase nenhuma menção da palavra “Linux”. Em vez disso, ouvimos falar de “a empresa automatizada, movida pela Ansible”. Mas, a gente sabe que o Linux está por trás de tudo, inclusivo do alto faturamento que a empresa tem.
O que aconteceu? A Red Hat não é mais uma empresa Linux?
O veterano em Linux e jornalista de código aberto Steven J. Vaughan Nichols já havia comentado o assunto na quela semana. Mas, a verdade precisa ser dita, é tudo verdade, ele estava certo. Mas, antes de tentar ressignificar a Red Hat, é preciso entender que o Linux ainda é o centro de tudo. Ao menos de todo dinheiro que escorre para os bolsos da empresa que pertence à IBM.
O RHEL (Red Hat Enterprise Linux) não é mais o que está vendendo. Por quê? Porque o sistema operacional não é importante. No entanto, o que está sendo feito com o sistema operacional que é muito importante, mas muito importante.
Quem é a Red Hat
A Red Hat é uma provedora de soluções de código aberto. Isso é o que é desde o dia em que mudou seu foco de usuários domésticos para empresas e servidores. Imediatamente após a transição, o Linux foi a solução que estava vendendo.
Esses dias se foram. Não há necessidade de “vender” mais Linux. Na empresa, todo mundo já está “vendido”, com a maioria (usando) o Linux como a espinha dorsal de sua infra-estrutura de TI. Então hoje podemos dizer que a Red Hat já está pondo em prática a sua visão de futuro. Assim, resumindo “trazendo ordem para o caos”, com quase nenhuma menção ao Linux.
Dada a rápida adoção de contêineres que estamos vendo, acredito que poderíamos estar olhando para uma mudança radical no mundo da tecnologia onde poderíamos em breve estar experimentando novas taxas de velocidade de recurso em áreas como nuvens privadas e públicas que não vimos em nossas vidas.
Disse o até então CEO da Red Hat, Jim Whitehurst, escreveu em um blog que foi publicado em quase o mesmo tempo que ele estava dando discurso principal no Red Hat Summit daquele ano.
Como os containers abrem oportunidades ilimitadas para que as aplicações dentro de uma organização interajam um com o outro, levanta a pergunta de como as organizações conseguirão manter e suportar um ambiente tão dinâmico? Se você tem quatro milhões de microservices conversando e atualizando uns aos outros em uma base rápida, como você monitora essas interações e executa o gerenciamento de desempenho da aplicação? Como você diagnostica problemas quando algo der errado? Em suma, ele exigirá um repensar fundamental de toda a tecnologia e funções envolvidas na execução de um portfólio de aplicativos.
Concluiu.
O jornalista supracitado, até que fez boas perguntas, mas o CEO da dita empresa, não respondeu. Exceto que “a Red Hat está investindo duro na infra-estrutura por trás do centro de controle de dados e aplicativos do futuro porque reconhecemos como a adaptabilidade do código aberto pode jogar um papel crítico nesse sentido”.
Os detalhes vieram logo depois, porém, quando a empresa anunciou “a visão da Red Hat para a empresa automatizada, movida pela Ansible”.
As complexidades dos ambientes modernos e multi-nuvem podem ser surpreendentes e, sem a automação, gerenciar os ambientes que impulsionam a inovação pode ser impossível. Até hoje, a automação tem sido geralmente usada discretamente nas empresas, com uma ferramenta diferente para cada domínio de gerenciamento, estreita em escopo e taticamente usado por equipes unidas, limitando drasticamente seu potencial e valor.
Disse a empresa vermelha em um comunicado de imprensa.
A Red Hat pretende remediar a situação com a Ansible, sua plataforma de automação sem agente, simples e supostamente fácil de usar (sua experiência pode variar). Vai estar em toda parte.
Red Hat está tentando mudar isso com a Ansible. Ao trazer a automação da Ansible ao seu portfólio – incluindo Red Hat Enterprise Linux, Red Hat OpenStack, Red Hat OpenShift, Red Hat Storage e suas ofertas de gerenciamento, a Red Hat poderá oferecer tecnologia de automação estratégica para as empresas.
Disse.
Red Hat não é mais uma empresa de Linux
Em outras palavras, onde quer que o Ansible não esteja incorporado – vai ser. Para sublinhar o ponto, a Red Hat anunciou uma nova versão do Insights, a analítica preditiva da empresa e plataforma de inteligência acionável – “agora com Ansible”.
Além disso, um anúncio de que a Red Hat CloudForms, a plataforma de gerenciamento de nuvem da empresa, “adota uma abordagem baseada na automação da Ansible, baseada no setor, para o gerenciamento de multi-nuvem”.
Tudo isso está é bom, e é provavelmente o que os clientes corporativos da Red Hat precisam. Mas Ansible não é o meu ponto. Nem é OpenShift ou AWS, ou ainda as histórias que saíram do Red Hat Summit até hoje.
Os desenvolvedores e fornecedores de código aberto não precisam mais gastar tempo convencendo os potenciais clientes de que o mundo não vai acabar se migrar para o Linux ou implantar soluções de código aberto.
Ambos se tornaram tão comuns na empresa quanto o nitrogênio que está em nossa atmosfera. Isso deixa as empresas de código aberto abertas a fazer trabalhos mais importantes, como descobrir como ajudar os grandes clientes corporativos a gerenciar infra-estruturas cada vez mais complexas.
Em outras palavras, a Red Hat não precisa mais ser uma “empresa Linux”. Pode ser o que sempre foi: um provedor de soluções de código aberto.