Hoje, quem usa distribuições Linux modernas e prefere o protocolo Wayland precisa iniciar o Google Chrome com a flag –ozone-platform-hint=auto para obter melhor desempenho gráfico, rolagem mais suave e integração perfeita com gestos de touchpad. Isso é inconveniente, cria barreiras para usuários menos experientes e diminui a sensação de que “tudo funciona logo de cara”. A boa notícia: a equipe do Chromium ativou essa configuração por padrão — e, a partir do Chrome 140, o navegador detectará automaticamente o ambiente Wayland, dispensando qualquer ajuste manual.
O que mudou exatamente
O commit “OverrideDefaultOzonePlatformHintToAuto” define, por padrão, a opção –ozone-platform-hint=auto sempre que o usuário não especificar outra plataforma gráfica. Na prática, isso significa que o Chrome verificará se o servidor gráfico em execução é Wayland e, se for, ativará o suporte nativo sem intervenção do usuário. O resultado? Um navegador que se comporta melhor em animações, consumo de energia e compatibilidade de janelas em ambientes como GNOME, KDE Plasma e Sway.
O que é o Ozone
Ozone é a camada de abstração gráfica do Chromium que permite que o navegador se comunique com diferentes sistemas de janelas (X11, Wayland, Windows, macOS) de forma modular. Em vez de um código único e rígido para cada plataforma, o Ozone provê “back-ends” específicos que podem ser ligados ou desligados em tempo de compilação ou execução. Com a mudança de hoje, o back-end Wayland é selecionado automaticamente, simplificando o fluxo de desenvolvimento e oferecendo uma experiência mais consistente para quem usa Linux no desktop.
Uma jornada que começou em 2016
O ticket que acompanha o suporte a Wayland no Chromium foi aberto em 2016, refletindo anos de engenharia e testes na comunidade. Em julho deste ano, o mesmo recurso chegou a ser habilitado, mas foi revertido após falhar em um caso de teste do GNOME Wayland. Correções subsequentes resolveram o problema, permitindo que a equipe “relandasse” o patch sem regressões. Esse histórico comprova o esforço contínuo para entregar uma implementação estável e madura.
Quando você verá a novidade
Se não surgirem novos imprevistos, o suporte padrão a Chrome Wayland fará parte do Chrome 140, cuja versão estável é esperada para o final de agosto. Usuários de versões Beta, Dev ou Canary já podem testar imediatamente, certificando-se de que o navegador está rodando em Wayland ao digitar chrome://gpu
e verificar a seção “Window System”.
Impacto para o dia a dia
• Desempenho gráfico mais suave em laptops com GPUs híbridas
• Melhor gerenciamento de energia em notebooks, graças ao pipeline de renderização nativo do Wayland
• Integração completa com recursos de desktop, como gestos multitouch, fracionamento de janelas e escala fracionada
• Menos complexidade para iniciantes: basta instalar o Chrome e usar — sem linhas de comando extras
Chrome Wayland por padrão marca um passo importante para que o ambiente Linux forneça uma experiência “out-of-the-box” comparável a macOS e Windows, reduzindo o atrito para novos usuários e fortalecendo a adoção do Wayland como padrão da próxima geração.