Satélite europeu desvia de potencial colisão

Leonardo Santana
Leonardo Santana
ESA (Agência Espacial Europeia). Fonte: Space.com

Um satélite europeu de observação da Terra realizou uma manobra evasiva há 2 dias (2 de setembro) para evitar colisão com uma das constelações de satélites de internet recém lançadas da SpaceX.

Dessa forma, o satélite Aeolus da Agência Espacial Europeia (ESA, sigla em inglês) ligou seus propulsores pela manhã, elevando sua órbita para passar com segurança pelo Starlink 44, uns dos primeiros 60 satélites da megaconstelação de internet imaginada pela SpaceX.

Agentes da ESA disseram via Twitter:

A manobra aconteceu cerca de meia órbita antes da potencial colisão. Não muito depois da hora que a colisão era esperada, #Aeolus ligou para casa como sempre para enviar seus dados científicos – provando que a manobra foi bem sucedida e uma colisão foi, de fato, evitada.

Eles adicionaram em outro tweet:

É muito raro realizar manobras anticolisão com satélites ativos. A vasta maioria das manobras de prevenção da ESA são resultado de satélites mortos e fragmentos de colisões anteriores. #SpaceDebris

O alerta de colisão feito pelo satélite

A ESA agiu depois de saber através de militares americanos que a probabilidade de uma colisão era de 1 em 1.000 – 10 vezes maior do que o limite da ESA para conduzir uma manobra anticolisão – conforme relatado pela Forbes.

Logo depois, a ESA entrou em contato com a SpaceX, que aparentemente também recebeu o mesmo alerta de colisão. Mas a SpaceX recusou mover o Starlink 44, disse Holger Krag, que lidera o Departamento de Detritos Espaciais da ESA.

Satélite europeu desvia de potencial colisão com frota de satélites Starlink da SpaceX
Vista dos 60 satélites da Starlink da SpaceX em órbita, ainda empilhados, com a Terra como um plano de fundo azul brilhante em 23 de maio de 2019. Foto: SpaceX

Krag disse à Forbes:

Baseado nisso, nós informamos a SpaceX, que respondeu e disse que eles não planejavam tomar ação. Logo, pelo menos ficou claro quem tinha que reagir.

Um porta-voz da SpaceX disse em uma declaração via e-mail:

Naquele ponto, tanto a SpaceX como a ESA determinaram que uma manobra não era necessária. Depois, as atualizações da Força Aérea dos Estados Unidos mostraram que a probabilidade aumentou de 1,69e-3 (ou mais de 1 em 10.000), mas um bug em nosso sistema paging de plantão impediu o operador da Starlink de ver as correspondências complementares nesse aumento de probabilidade. A SpaceX ainda está investigando o problema e implementará ações corretivas. No entanto, caso o operador da Starlink tivesse visto a correspondência, nós teríamos coordenado com a ESA para determinar a melhor abordagem, com a continuação de sua manobra ou com nós mesmos realizando uma.

O Aeolus foi lançado em agosto de 2018 para monitorar a atmosfera e o clima da Terra, com uma ênfase especial em um melhor entendimento dos padrões de ventos. (Aeolus – Éolo, em português – é o deus dos ventos na mitologia grega) Da mesma forma, o Starlink 44 foi lançado com 59 de seus primos em maio deste ano, para ajudar a lançar os alicerces para a constelação de satélites de internet planejada pela SpaceX.

A SpaceX pretende lançar muito mais satélites da Starlink – talvez mais de 12.000, se tudo funcionar bem com a rede de satélites. Além disso, muitas outras empresas, incluindo a Amazon e a OneWeb, estão desenvolvendo suas próprias megaconstelações de satélites.

Manobras anticolisão como a que o Aeolus realizou no dia 2 podem, portanto, ficar muito mais comuns nos próximos anos – tão comuns, na verdade, que supervisionar tais operações manualmente provavelmente ficará impossível, segundo um oficial da ESA.

A inteligência artificial pode ajudar

Funcionários da ESA tweetaram:

A ESA está se preparando para automatizar esse processo usando inteligência artificial. Da avaliação inicial de uma potencial colisão até um satélite saindo do caminho, sistemas automatizados estão se tornando necessários para proteger nossa infraestrutura espacial. #SpaceSafety #SpaceTraffic

Há outros potenciais problemas com redes de satélites tão grandes. Logo após o lançamento da Starlink em maio, por exemplo, alguns astrônomos manifestaram preocupações de que a constelação poderia degradar significativamente suas observações do céu noturno.

Afinal, você gostou de conhecer como as agências e empresas espaciais lidam com um risco de colisão entre satélites no espaço?

Realmente, é impressionante que o satélite europeu Aeolus tenha chegado ao ponto de realizar uma manobra para evitar uma colisão com a constelação Starlink da SpaceX!

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Fonte: Space.com

Leia também: Como a SpaceX usa o Linux para controlar seus foguetes e espaçonaves

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Profissional da área de manutenção e redes, astrônomo amador, eletrotécnico e apaixonado por TI desde o século passado.